Hoje vou falar de uma das adaptações mais diferentes da história original que eu já vi (mais, inclusive, que o Ladrão de Raios), mas também um dos casos nos quais ambas as histórias (original e adaptada) podem ser consideradas igualmente interessantes. Para quem não viu alguma das duas obras, vou evitar spoilers, mas estejam preparados para saber pelo menos a base da trama (nada mais revelador do que você poderia presumir apenas vendo o trailer do filme ou lendo a descrição do livro).
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No caso dessa dupla, eu assisti primeiro o filme, no cinema e só agora fui ler o livro. Então, depois de ver o filme que começa mostrando a tribo do Soluço como Vikins caçadores/odiadores de dragões, imagine a minha surpresa em descobrir, logo no comecinho do livro que na história original os Vikings de Berk eram na verdade domadores de dragões.
Bom, com premissas praticamente invertidas, era de se esperar que as histórias acabassem tomando rumos bastante distintos: seja nos problemas e habilidades do Soluço, até as relações entre os personagens e, enfim, a trama como um todo. Sério… são coisas bem diferentes mesmo.
Com as mudanças há algumas implicações: personagens novos, personagens suprimidos, o “Banguela” que é o dragão do protagonista tem apenas o nome de semelhança nas duas obras (nem o motivo pelo qual recebe o nome é o mesmo).
Ainda assim o filme não leva o nome do livro atoa, existem elementos comuns nas obras, não apenas Soluço, o protagonista e sua dificuldade em se encaixar na sociedade e no papel que se espera dele, mas alguns outros personagens, a ambientação e outras coisas do tipo. Eu diria que as obras tem o mesmo “feeling”, apesar das histórias serem diferentes.
Acho que posso dizer também que outra semelhança entre as obras é a qualidade: a animação é linda e tinha me deixado encantada quando vi no cinema e o livro também não deixa a desejar.
Mas devo deixar uma coisa clara sobre o livro: É uma obra infanto juvenil, mas provavelmente mais para infanto do que para juvenil. E isso não é uma crítica, é apenas um aviso.
Acho importante dizer isso porque embora muitas pessoas leiam livros como Harry Potter, Percy Jackson, Desventuras em Série, Aprendiz de Caça Feitiço, etc etc etc, e gostem dessas obras, existem muitas (muitas mesmo) possibilidades dentro do genero “infanto juvenil” que variam entre: complexidade da história, vocabulário, maturidade dos diálogos, complexidade emocional, descrições e assim por diante. Não dá para dizer que só porque você gostou de Harry Potter vá gostar de qualquer das outras obras, e vice versa.
Então, se você viu o filme e pretende ler o livro, lembre-se disso: ele é cheio de ilustrações, vocabulário simples, história simples, é o tipo de livro para uma crinça de 9 anos ler sem problemas, se você não gosta disso, nem leia, você simplesmente não é o público alvo do livro.
O que eu prefiro? Eu sempre tenho dificuldades de responder essa pergunta quando há tantas diferenças e eu gostei das duas obras. Nesse caso em particular acho que cada obra tem seu mérito, mas vou ousar escolher o livro. O motivo é simples: mesmo sendo uma história infantil (talvez por isso?) acho que o livro foge de alguns clichês: não tem parzinho romântico para o protagonista e ele não tem nada de super especial (o dragão dele, se muito, é especiamente ruim); ele é apenas inteligente (a impressão que eu tenho é que ele não é nem especialmente inteligente, só mais inteligente que a maioria dos Vikings).
De qualquer forma, repito que acho ambas as obras muito boas!
Avaliação: Fiquei pensando na avaliação e considerando o que eu havia escrito ali em cima (que o livro é essencialmente infantil) e então resolvi atribuir 4 grifos para ambas as obras.
Considerei muito se deveria avaliar em 5 grifos, mas acho que embora sejam boas obras, existem coisas por ai mais especiais.
Ressalto que eu avaliei o livro como um livro infatil, isto é, é obvio que existem outras histórias muito melhor elaboradas, complexas, profundas, revolucionárias, tocantes, etc etc etc, mas todas elas voltadas para um público mais adulto. Se eu tivesse que recomendar um livro para uma criança, recomendaria esse com bastante enfâse e acho que as chances de ela gostar muito seriam grandes.
Quanto à animação: como eu disse, ela é linda, mas fora isso não tem nada que eu ache absurdamente excepcional em relação a outras animações.
Aliás… eu tenho uma animação nota 5 guardada na manga que está esperando apenas eu ler o livro para ser comentada aqui no Outras Mídias…aguardem…
Tags: Animação, Como Treinar o Seu Dragão, Cressida Cowell, Filme, Infanto-juvenil, Outras Mídias
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