Eu estava muito ansiosa para falar de Coraline aqui no Outras Mídias, porque o filme tinha me encantado completamente, mas ainda estava devendo a leitura da obra original.
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Normalmente nos outras mídias eu me dedico mais a falar da obra derivada, mas dessa vez vou tentar fazer um apanhado geral e fazer uma review tanto do livro quanto do filme, já comparando as diferenças.
Vou começar com o livro:
Bom, saibam ou não, o livro acompanha a protagonista cujo nome é título da obra. Coraline é uma garota exploradora, inquieta e ansiosa vivendo numa casa/apartamento com três vizinhos, e entediada com a falta do que fazer durante as férias, que acaba descobrindo um portinha na sala de jantar que daria para o apartamento ao lado, mas que está fechada por um muro de tijolos. Um dia ela abre a porta e encontra ali um corredor que da para a sua “outra casa” onde há uma “outra mãe”, um “outro pai” e “outros” vizinhos.
Não vou contar o resto da história para não estragar a leitura com os spoilers, mas achei que Coraline tem um feeling meio changeling (aquela história das fadas que levam as crianças humanas para o mundo mágico e etc.) que é uma das minhas temáticas favoritas e que torna o livro imperdível para as pessoas que gostam do “Changeling: The Lost” (RPG do novo Mundo das Trevas).
Achei o livro bem rápido. A narrativa é objetiva, sem enrolação, e apresenta a história de forma bem dinâmica, sem ficar se preocupando em adicionar páginas desnecessárias ou criando subtramas ou qualquer coisa do tipo.
Dai uma informação importante: Coraline é um livro juvenil, e quando eu digo juvenil eu quero dizer juvenil, e não adolescente (como Harry Potter e outros similares). Isso quer dizer que o livro apresenta as emoções da personagem sem se preocupar com a profundidade de conflitos psicológicos; que apresenta descrições sem se preocupar em determinar cada detalhe e cada segundo dos acontecimentos do livro; que é, enfim, simples e fácil de ler (talvez não muito recomendado para mentes de intelecto superdesenvolvido que precisam de complexidade para se sentirem satisfeitas).
Eu gosto de dizer isso porque vira e mexe alguém lê Harry Potter e acha que gosta de literatura juvenil, depois vai ler outros livros considerados juvenis e começa a reclamar que o livro era muito infantil, que era muito bobo, que era simples demais, etc., e eu acho que Harry Potter NÃO é um bom exemplo de literatura juvenil, o primeiro livro da série TALVEZ até seja, mas a narração fica cada vez mais complexa e cansativa para o público juvenil (basta observar a largura dos volumes). Considero Narnia um bom exemplo, assim como Desventuras em Série, Percy Jackson e, agora, Coraline.
Lembrem-se disso quando forem ler, tentem lembrar de como era ler um livro quando vocês tinham uns 9 anos de idade. E devo dizer, para uma criança de 9 anos de idade acho que Coraline pode ser um livro impressionante (a parte final, com a mão, certamente teria me tirado o sono nessa idade).
Agora, ao filme:
Achei-o desnumbrante e assustador ao mesmo tempo. Quando eu digo assustador, não quero dizer que eu adulta e crescidinha demais para pesadelos tive algum problema de passar medo com o filme, mas achei que para padrões infantis ele é bem sinistro. Ainda assim, o filme é lindo: as cores, os cenários, os personagens tudo muito bem feito e muito acertado. Ele já tinha me ganhado no primeiro poster e não me decepcionou em nenhum momento.
Acreditem ou não, o filme é (ao meu ver) mais longo que o livro, tem mais passagens, mais acontecimentos e mais personagens (como o Wybie e a boneca coraline).
Ainda assim, a base da história é a mesma: tem a portinha, tem o “outro mundo”, tem as crianças fantasmas, tem o mistério dos pais verdadeiros, tem o “desafio” da outra mãe, tem o gato, tem o poço, tem a chave, tem a mão…
Mas não posso deixar de dizer que acho que as cenas inéditas adicionam vida ao filme, e eu, que o assisti antes de ler o livro, senti falta de delas na minha leitura.
O que eu prefiro? Sem tirar o mérito do livro, que acho que merece uma nota tão boa quanto o filme, devo declarar minha preferência pessoal (acho que pela primeira vez) pela obra cinematográfica. Isso porque o filme tem tudo que o livro tem, e um pouco mais, e um saborzinho mágico de música, cor e personalidade.
Alias, preciso dizer que a trilha sonora do filme é PERFEITA. O Bruno Coulas, responsável pela música merece todos os aplausos pelo trabalho primoroso, que consegue dar ritmo, mágia e sentimento ao filme.
Avaliação: Não poderia dar, a nenhuma das duas obras, menos do 5 grifos. O livro é certamente entrou para os meus livros infanto-juvenis favoritos, assim como o filme.
Nada em nenhuma das obras me decepcionou em nenhum momento, gostei dos elementos da história, da simplicidade, da magia, do lado sombrio, enfim… de tudo.
Mas…ainda assim, devo admitir: não acho que as obras sejam para qualquer um. O meu amigo, que foi comigo assistir o filme, praticamente dormiu no cinema; outros certamente vão criticar a simplicidade do livro. Acho que é uma questão de gosto e, para quem compartilha do meu, ambas as obras são absolutamente imperdíveis.

E alguém, por favor, me dá de presente essas bonecas da Coraline que eu não acho para vender em lugar nenhum
Tags: Coraline, Coraline e o mundo secreto, Ficção, Infanto-juvenil, Literatura, Neil Gaiman, Outras Mídias
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