“Ultimately, he wasted time, distracting himself from the decision he would soon have to make. Return to Jeroun as mankind’s reddemer, or cleanse the world of mankind forever”
Senhoras, senhores, elfos e outros, com vocês mais um Lord of the Samples. Eis a espetacular coluna do Grifo em que assumo a tarefa de destrinchar/eviscerar samples de ebooks. E a vítima da semana é No Return (Zachary Jernigan), que tem uma capa bacana, uma sinopse bacana, algumas críticas bacanas, mas… será que o livro é mesmo tão bacana? E por que eu não pensei em outro adjetivo? (para a versão de kindle, cliquem na capa, enquanto os links para kobo e nook estarão ao fim do post)
Muito bem, comecemos. A sinopse dá aquele nível básico de detalhamento para uma fantasia épica qualquer, mas – pelo amor dos céus – é um livro de somente 300 páginas. Isso é (o que?) metade do tamanho de uma fantasia épica detalhada decente? Fiquei intrigado: a sinopse parece boa, as críticas são favoráveis, mas esse livro é simplesmente curto. Não que eu jamais tenha lido fantasias épicas com menos de quinhentas páginas, longe disso. Muito menos estou dizendo que jamais li uma fantasia épica bem executada em menos de… uma porrada de páginas. Mas, convenhamos, para montar um mundo bem detalhado e crível, apresentar um bom número de personagens e desenvolvê-los, introduzir um sistema de magia bem regrado e inovar dentro das limitações criadas, e todo o mais que a fantasia épica pede, precisamos de muitas páginas. Ainda assim, cá está No Return.
A sinopse é direta. Jeroun é um mundo dominado pelo carprichoso deus Adrash, que planeja destruir tudo a qualquer momento. Há somente dois continentes, com um deles habitado e o outro sempre recoberto por nuvens. Duas seitas guerreiam para provar a Adrash seu poder: uma dedicada à supremacia humana, uma dedicada à glória de Adrash. Antigas entidades misteriosas viveram anteriormente em Jeroun e seus restos mortais mumificados possuem propriedades milagrosas: deles são feitas as armaduras que os guerreiros usam em combate e deles são retirados materiais para o uso de magias avançadas. A história segue cinco personagens: três combatentes conduzindo o enredo das guerras entre seitas e dois magos astronautas tentando chegar a Adrash.
Explicado o tamanho, não? É um microcosmo. Há somente dois pequenos continentes, somente dois grupos antagônicos em primeiro plano, somente um deus e não há uma magia aparentemente tão bem sistematizada. Podemos eviscerar a sample agora.
A sample é curta, visto que o livro também o é. Há somente o prólogo e parte do primeiro capítulo, ambos englobando juntos três focos narrativos. A princípio é apresentada a cronologia do mundo pelos olhos de uma velha que viveu por milênios alimentada pelos restos da raça ancestral. Em seguida sob o ponto de vista de Adrash somos elucidados quanto ao que a velha presenciara em seus longos anos e é dada a apresentação da loucura do deus. Por fim, o primeiro capítulo, que empurra muita informação sobre o primeiro protagonista, Vedas, sem que isso tenha de fato me deixado muito interessado na história dele. Francamente, por melhor combatente que Vedas seja, no quesito carisma recebe uma nota baixíssima.
Claro, esse trecho do Vedas teve uma vasta quantidade de violência, mas fora isso nada demais. A narrativa é até meio oscilante, sendo geralmente objetiva ainda que por vezes focando detalhes desnecessários. A regra do “mostre, não conte” passou longe de todo o começo: o mistério das esferas em órbita é explicado na lata, o passado de Vedas é todo revelado e empurrado no meio do combate do primeiro capítulo.
Então… Não, nada tão impressionante. Ou melhor, as ideias são legais. Muito legais; Adrash me impressionou. Mas a segunda metade da sample carece de clima e o protagonista não me convenceu de nada.