Lord of the Samples: The Red Knight (kindle/kobo)

Escrito por: | em 12/02/2013 | Adicionar Comentário |

“Honestly, Captain, I have prayed and prayed over what to do here. Bringing you to fight the Wild is like buying a wolf to shepherd sheep.” – The Abbess

The Red Knight

Olá a todos. Aproveitando a deixa do carnaval inicio aqui minha nova empreitada pelo Grifo: usurpar a coluna de kindle samples (pessoal do kobo, não parem de ler ainda). Com a mudança de periodicidade das Notícias Subterrâneas, escreverei nas semanas vagas análises de samples de ebooks (inicialmente para kindle, mas sempre indicando se estão disponíveis para kobo) comentados nas notícias da semana anterior. Dito isso, concordo que “Lord of the Samples” é uma péssima piada, mas vocês provavelmente já subentendem que minhas piadas serão ruins, então continuarei com ela.

“The Red Knight”, de Miles Cameron, foi lançado em outubro de 2012 e figurou no meu post anterior das Notícias Subterrâneas graças a sua nova edição pela Orbit. Não cheguei a comentar sobre a primeira edição favoravelmente, mas a opinião da crítica foi bem positiva, fazendo com que essa fosse uma escolha imediata para minha primeira resenha/evisceração. Afinal, “The Red Knight” é uma surpresa agradável ou mais um para a pilha de livros com “knight” no título e um dragão na capa?

Resposta: é uma surpresa muito mais que agradável.

A capa já diz o básico sobre o cenário: a ambientação é medieval, com criaturas mágicas destoando do clima no geral realista. Repensando, “destoando” não é uma boa escolha de palavras. O cenário medieval europeu é apresentado de forma realista sob uma típica névoa supersticiosa, de forma que a primeira aparição da magia não pareça estranha e a primeira aparição de um demônio seja mais que normal. Nesse cenário, a sociedade feudal típica está em guerra com “The Wild”, as terras selvagens habitadas por seres mais antigos que os humanos (wyverns, daemons, ursos gigantes, folklore pagão de livros de rpg no geral), teoricamente isolado atrás de uma muralha ao norte. Claro, a muralha está mal guarnecida de soldados e muito bem guarnecida de frestas, gerando conflitos constantes nas bordas da civilização. Em uma dessas bordas é que se desenvolve o núcleo do livro.

A sample cobre 6 cenas. Na primeira, Sir Sor Ser John Crayford – Capitão de Albinkirk – escreve um relatório a seu rei acerca da passagem de uma “Companhia de Aventura” por sua cidade, rumo a um convento a norte (sim, já na fronteira da civilização). Na segunda e terceira, seguimos o próprio Red Knight – capitão da dita “Companhia de Aventura” – em sua passagem por uma fazenda próxima ao convento, onde um massacre foi cometido pelas criaturas selvagens, e em sua chegada ao convento de Lissen Carak. Na quinta e na sexta, cenário da cidade de Lorica, vemos a situação e fuga de um urso gigante acorrentado para um espetáculo circense e, em seguida, a perseguição do paladino Ser Mark Wishart ao mesmo “monstro”. Por fim, a apresentação do aparente vilão, o mago Thorn, e de seus aliados: Qwethnethogs, vulgo demônios.

A narrativa é bem seca, a escrita é clara e detalhista,  o tom é algo de Joe Abercrombie ainda mais realista, praticamente uma ficção histórica. Não lembra “As Crônicas de Gelo e Fogo”, apesar da muralha e dos inimigos além dela, e a apresentação do fantástico é tão desprovida de emoção que até fiquei em dúvida quando li a parte do Urso Dourado (até que ponto ele era diferente de um urso normal?). A prática mágica não é exatamente sutil, mas é descrita com tamanha naturalidade que pode passar despercebida por algumas linhas em sua primeira aparição (“tome essa, leitor; você não entendeu que ‘ele desapareceu’ não é uma metáfora para ‘ele se escondeu bem rápido'”).

Os personagens são interessantes. O capitão Bourc, vulgo Red Knight, foi uma incógnita até o final da sample: perdido entre impressões de heroísmo de seus homens e uma atitude de canalha para com as freiras, entre o profissionalismo que mostra na inspeção da fazenda e o quão impulsivo é assim que Amicia aparece à sua frente. O sarcasmo, ao menos, é uma constante. Em sua companhia também há uma pilha de valetes, escudeiros, cavaleiros, arqueiros e afins, vários dos quais com nomes e uma personalidade minimamente definida. Dentre os apresentados, nenhum foi uma placa de papelão sem ao menos uma expressão distinta. Ser Mark é um paladino prudente, destoando do fanatismo que geralmente os paladinos têm nesse ramo de  “gritty fantasy”, e Thorn mostrou uma personalidade satisfatória para ser o antagonista (não digo vilão com tanta certeza) da história.

É uma leitura agradável se tiverem estômago para um pouco de gore extensivamente descrito. Estou interessado em ler o resto do livro, assim que estiver pronto para digerir mais um de 600 páginas. Recomendo ao menos a prévia a todos os leitores de fantasia que tenham E-readers.

Para Kindle: cliquem na capa lá em cima (se já não esperavam que eu colocasse o link assim)

Para Kobo: http://www.kobobooks.com/ebook/The-Red-Knight/book-GbQR6xnqSUWv5Mfw-MbbVw/page1.html?s=ig0qrSo7iU6qwxMnohhsBQ&r=3



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Lorde Worth

Caçador de Hobbies exóticos, leitor obsessivo e jogador compulsivo.

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