Lord of the Samples: The Lies of Locke Lamora (Scott Lynch)

Escrito por: | em 10/03/2013 | Adicionar Comentário |

“‘Gods,’ the Thiefmaker whispered. ‘Oh, gods. You may have just fucked us all superbly, Locke-after-your-father Lamora. Quite superbly indeed”

The Lies of Locke Lamora

Sem livros com samples tão promissoras para uma evisceração no post da semana passada, sou forçado a recorrer a outra lista. No topo de “Livros novos, bem comentados, premiados e cujas sinopses sequer li” está The Lies of Locke Lamora, cuja sample que destrincharei hoje. Agradeço ao Guto Vissoci, um dos comentadores da casa, que me sugeriu esse livro meses atrás: valeu, Guto!

The Lies of Locke Lamora, lançado em 2006, é o primeiro livro do Scott Lynch e lhe rendeu uma indicação ao World Fantasy Award, vários fãs, críticas positivas e uma frase do George R. R. Martin para colocar na capa da segunda edição (ha-ha). Foi seguido de Red Seas Under Red Skies The Republic of Thieves, completando assim uma trilogia (quem diria?).

A premissa: Locke Lamora é um criminoso lendário na cidade de Camorr e com seu bando (“the Gentleman Bastards”) conquistou um trono confortável no submundo. A cidade de Camorr é uma metrópole com mistérios arcanos, uma nobreza dominante e um submundo vasto e perverso. A isso soma-se uma guerra pelo poder do submundo: tcharan, uma fantasia pós-contemporânea (embora ninguém no mundo da literatura pareça saber com certeza o que isso significa) ou pós-moderna, ou… ah, esqueçam! É uma fantasia que não é baseada em clichês e que se move adiante por elementos periféricos à fantasia em si, sendo o protagonista o centro do enredo e não a história do mundo ao seu redor.

A sample cobre a infância de Locke com o velho Thiefmaker de Camorr. Uma apresentação de protagonista muito bem planejada, por sinal. O mestre de órfãos quer vender Locke, um de seus jovens súditos, ao sacerdote cego Father Chains e ao longo da barganha conta por que precisa se livrar do garoto. Assim, a sample -longe de ser curta- conta quem é Locke, de onde vem, quais seus péssimos hábitos e os esboços de suas ambições no tom azedo do Thiefmaker e ácido de Father Chains. Lemos muito sobre Locke antes que ele de fato apareça e comece a soltar suas tímidas frases.

A descrição é rápida, não muito detalhista e, ainda assim, longe de ser avarenta com palavras; a narrativa flui bem, sem se preocupar com se analisar muito. É o modelo padrão para livros de fantasia baseados no enredo, bem sabem: os diálogos são extensos e bem pensados, as descrições de ação são dinâmicas e os cenários são detalhados nos pontos em que interesse ao leitor. Há palavras chaves bem explícitas para cada elemento descrito: os órfãos são “frágeis”, os pequenos ladrões “sujos”, as torres de cristal são “luminosas”. Em suma, mesmo com descrições breves o conteúdo gráfico é rico.

E foi divertido. Foi uma leitura divertida, acima de tudo. Esperava que Locke fosse mostrado de cara como o ladrão virtuoso (oi, Kelsier), mas a descrição do velho Thiefmaker indo embora como se estivesse livre de um peso colossal após deixar Locke com Father Chains confirma o contrário: Locke é -ao menos a princípio- tão egocêntrico e sem bom senso quanto um protagonista criminoso precisa ser para ganhar minha simpatia (morra, Kelsier; morra, Qvothe mais jovem; Bilbo… você está ok).

Uma boa apresentação para um livro que chamou minha atenção ainda mais agora. Está no topo da lista, quando acabar minhas leituras atuais seguirei imediatamente para essa (meu skoob, stalkers da internet).

Está disponível para kindle e kobo, se gosta de fantasia (leu até aqui, deve gostar) faria bem em deixar essa sample guardada para quando pegar alguma fila ou estiver na sala de espera de seu médico/dentista/cabeleireiro.

Até a próxima semana, vou começar a checar as engrenagens do Transubterrâneo.

Uma boa semana a todos.



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Lorde Worth

Caçador de Hobbies exóticos, leitor obsessivo e jogador compulsivo.

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