Olá, olá. Lord of the Samples relâmpago sobre o primeiro ebook de steampunk genérico que me arrisco a analisar. Pois é, Burton & Swinburme in the Strange Affair of Spring Heeled Jack tem todo o necessário para que eu o crucifique: uma lenda urbana londrina na capa, um título gigante e “strange affair” no meio da apresentação. Entretanto, foi uma review agradável e não algum tipo de masoquismo que me levou a esta leitura. E a conclusão? Foi divertido? Foi genérico mesmo? Sem spoilers hoje.
Primeiramente, me recuso a escrever o título completo mais uma vez. Spring Heeled Jack é o primeiro em uma trilogia steampunk que marca a estréia de Mark Hodder no mercado literário e recebeu críticas favoráveis, uma recepção decente do público e diversos comentários posteriores sobre “como no primeiro livro a série era boa”. Não consigo me controlar, então fica o spoiler de que o terceiro livro aparentemente é uma narrativa truncada com enredo cheio de furos (Mark Hodder perdeu o rumo quando começou a falar muito de viagens no tempo). Com uma sample pouco extensa, não posso realmente formar uma opinião negativa ou positiva, mas esta amostra me intriga – Burton foi apresentado, muito bem, mas Swinburne sequer apareceu.
O conteúdo da sample é um apanhado de várias cenas se arrastando ao redor de um Sir Burton angustiado. No começo, Sir Burton é abalado pela notícia de que seu nemesis frente à comunidade científica tentou um suicídio às vésperas de um debate. O remorso preenche Burton, que parte para Londres em busca de informações sobre o antigo amigo/rival. Então há um flashback que explica rapidamente a evolução do relacionamento dos dois (com descrições desnecessárias de combates). A bem da verdade, o flashback é bem passável; algumas sugestões de informação em um diálogo ou outro tornariam a narrativa mais interessante sem abrir mão do conteúdo. Mas, a opção pela ação é inevitável, não? Após alguns combates heroicos na África, voltamos ao presente e à chegada de Burton a Londres, sem muito mais depois disso.
A escrita é competente, mas carece de personalidade e, principalmente, de homogeneidade. Não é incômodo que o autor opte por descrever pouco os arredores de Burton, principalmente no estado de espírito em que nosso protagonista se encontra; entretanto, tão logo aparece um trem steampunk na história, temos alguns parágrafos sobre a história e funcionamento dos “trens atmosféricos”. Francamente? Esse tipo de comportamento dos autores de steampunk me incomoda muito, é meu principal problema com o geral da literatura steampunk. Por que o foco da história sempre recai nas “maravilhas da engenharia a vapor”? É quase como ler aquelas obras mais fracas da fantasia escapista, em que um bom desenvolvimento de personagem é sempre trocado por um texto enciclopédico sobre a magia da ponte que os elfos construíram nos tempos heroicos.
Nem tudo está perdido, claro. Burton tem uma boa apresentação, Swinburne provavelmente também. O dilema imediato tem peso e eu não me importaria em ler mais um, dois, dez capítulos, o livro todo. Isto é, se Mark Hodder não passar três páginas falando sobre a aparência do Spring Heeled Jack quando o antagonista de fato aparecer.
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