“Se acha que a vingança é ruim… Você ainda não conheceu Frank Castle”
O Justiceiro é um herói (ou anti-herói) que já passou por incontáveis mudanças. Normalmente elas influenciam a sua origem, as condições em que foi criado e a forma com que sua personalidade é definida. Nos filmes e na atual série, as guerras em que o personagem passou sempre são atualizadas. Guerra do Golfo, turnos na Guerra do Iraque, operações secretas no Afeganistão.
Mas nos quadrinhos, a guerra do Vietnã foi a melhor retratada.
Em “Justiceiro – Nascido para matar”, Garth Ennis (deixando sua loucura e sanguinolência fluírem) nos retrata 4 dias da guerra na base de Valley Forge, pelo ponto de vista do fuzileiro naval Stevie Goodwin. O jovem soldado sabe que não deveria estar na guerra, que a vida deve ser muito mais do que aquilo, que quando a guerra acabar, acabou.
Ele não será um apaixonado pela guerra, como o Capitão Frank Castle.
Frank Castle, ainda não é o Justiceiro, mas vemos o senso de certo e errado, castigo, ou melhor ainda “esse desejo que tem de dar a cada filho da mãe no mundo exatamente o que ele merece”, tudo isso já está lá, sempre esteve lá, e só espera pela oportunidade certa para sair.
Frank vê uma base abandonada, com líderes displicentes, e soldados drogados que mal conseguem sobreviver ao cotidiano do Vietnã. Porém, ele vive a oportunidade da sua vida na guerra, a chance de colocar para fora o guerreiro que ele sempre desejou ser.
Isso é um indicador de que “O Justiceiro” só precisava de um gatilho para existir. Ele queria existir. O futuro assassinato de sua família foi uma espécie de “justificativa perfeita” para a sua sede de sangue contra os criminosos do mundo vir à tona.
E não se engane, o capitão Frank Castle já era um soldado quase perfeito enquanto vivia a guerra, mesmo sem a caveira no peito, ele já era reconhecido como uma maquina de matar sem piedade (para inimigos e até mesmo aliados que “saiam da linha”). Este conceito faz com que o quadrinho tenha ótimas sequencias de batalha na selva, assim como uma batalha final apocalíptica. De fato, todo o tom deste quadrinho perdurou pelos anos seguintes nas mãos de Garth Ennis, que tirou o personagem do mundo compartilhado dos heróis e o transformou o herói que o começo dos anos 2000 permitiam que ele fosse.
Não quero ficar descrevendo a história aqui, é muito melhor ver suas nuances durante a leitura completa, mas garanto que a alma do personagem, a violência, a perturbação… Estão todas lá.
Vale a pena para todos os fãs do Justiceiro. Mas cuidado, Não encontre Frank Castle se você merecer ser punido.
Não diga que eu não avisei.
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